É possível que o valor do dólar chegue a R$ 6? Para onde será direcionado o dólar? Essa é a questão de 1 milhão de dólares, brinca Henrique Soares, planejador financeiro, em conversa com a Inteligência Financeira. Especialistas consultados pela reportagem afirmam que atualmente é complicado prever o que ocorrerá, porém é factível identificar para onde direcionar a atenção e como se proteger.
De acordo com a média, o mercado prevê um dólar mais próximo de R$ 6. Ou seja: R$ 5,90 no final de 2025, conforme o último Boletim Focus. Os analistas ouvidos no relatório do Banco Central preveem a cotação do real em relação ao dólar nesse nível até 2028.
Os aspectos principais que terão impacto no cenário são:
- A disputa comercial e as taxas do governo de Donald Trump;
- A política monetária dos Estados Unidos, conforme a direção das taxas de juros;
- A condução da política fiscal no Brasil, com foco nas eleições de 2026.
Assim, a evolução do câmbio será determinada por uma combinação desses fatores, sendo o cenário norte-americano especialmente relevante. Contudo, existem situações consideradas extremas em que o dólar poderia se aproximar de R$ 5 ou ultrapassar os R$ 6.
No menor valor, diversos fatores, como o enfraquecimento acentuado da economia dos Estados Unidos, redução das taxas de juros no país e estabilidade política e fiscal no Brasil. Já no cenário mais alto, com a inflação mantendo as taxas americanas elevadas e uma deterioração fiscal no Brasil, com a consequente fuga de investimentos.
Dólar a R$ 6 ou a R$ 5: quais as projeções do mercado
A Inteligência Financeira entrevistou diversos especialistas de posições variadas no mercado sobre as perspectivas para o dólar. O consenso é a indefinição e a presença de instabilidade. Especialmente levando em consideração as taxas, os juros nos EUA e o panorama político no Brasil.
Especialista | Visão sobre o rumo do dólar |
Valter Filho, gestor da Asset 1 | Imprevisível. Ativos globais estão sujeitos a impactos diários devido ao fluxo de informações. As altas taxas atuais ajudam a conter o dólar. |
Murillo Oliveira, especialista em investimentos da Saygo Comex |
A estimativa de um dólar a R$ 5,80 é a mais cautelosa, com margem entre R$ 5,75 e R$ 6,00. Um dólar mais baixo é viável, porém requer uma convergência de fatores positivos, como a diminuição das taxas nos EUA, responsabilidade fiscal e estabilidade política no Brasil. |
Elson Gusmão, diretor de operações da Ourominas |
O cenário principal indica um dólar mais próximo de R$ 5,00, condicionado à redução da inflação nos EUA e estabilidade fiscal no Brasil. No entanto, a possibilidade de medidas protecionistas nos EUA, como o retorno de tarifas sobre importações, pode pressionar o dólar para cima. |
Márcio Riauba, responsável pela mesa de câmbio do Banco de Câmbio Stonex | Devido à aversão ao risco, é necessário cautela e devemos esperar um dólar mais próximo dos R$ 6. Contudo, diante do panorama incerto, torna-se cada vez mais complicado prever a direção do dólar. |
Alexandre Miserani, professor de economia do Uniarnaldo Centro Universitário |
Se Trump conseguir contornar a inflação causada pela sobretaxação por meio de mais acordos comerciais bilaterais, a economia dos EUA se fortalece e o dólar se aproxima de R$ 6. No entanto, se as medidas tarifárias persistirem e os EUA não concluírem acordos satisfatórios, o dólar tende a enfraquecer e pode se aproximar dos R$ 5. |
O que o investidor pode realizar nesse contexto de instabilidade?
Outro especialista, o planejador financeiro Henrique Soares, menciona que a chave está em gerenciar os riscos e diversificar, considerando tanto ativos em real quanto em dólar.
“Vai diversificar entre real e dólar. De forma que no Brasil ele busque um retorno mais elevado, devido aos 14,25% de juros anuais. E alguma posição em dólar nos juros americanos (treasuries) para obter uma certa proteção cambial”, comenta o planejador certificado pela Planejar.
Henrique Soares destaca como ativos para preferir os de renda fixa indexada, com ênfase no Tesouro Selic, CDBs de grandes instituições e títulos isentos, como LCI e LCA.
Outro ativo mencionado como proteção para períodos de instabilidade é o Tesouro IPCA+, conforme a observação de Murillo Oliveira, da Saygo Comex. O especialista também destaca os fundos cambiais como uma alternativa para uma exposição parcial, isso para quem busca proteção contra um possível risco político no Brasil.
Como o dólar a R$ 6 ou a R$ 5 afeta o mercado de ações?
Os especialistas mencionam três tipos de setores: aqueles que podem se beneficiar com um dólar mais alto, os que se favorecem com um dólar mais baixo e os que são mais neutros. A escolha a ser feita dependerá de qual das avaliações e previsões melhor se alinha com a carteira de cada investidor.
“Em um cenário de dólar mais baixo, ativos vinculados ao mercado nacional, como empresas de varejo, consumo e construção civil, têm potencial para se valorizar. No entanto, as tarifas de Trump podem aumentar e gerar pressão cambial. Desta maneira, ativos correlacionados com o dólar e empresas exportadoras nos setores agrícola e de commodities podem servir de proteção ou serem beneficiados diretamente”, afirma Elson Gusmão, diretor de operações da Ourominas.
Murillo Oliveira, especialista em investimentos da Saygo Comex, identifica segmentos que se destacariam em seu cenário, que contempla R$ 5,80 como previsão-base. “Temos setores vinculados ao dólar ou com baixa exposição ao mercado interno: energia, papel e celulose, agronegócio e petróleo”, salienta.
Por outro lado, existem aqueles que poderiam se beneficiar em caso de uma combinação de fatores favoráveis que permitam a estabilização do dólar em patamares inferiores. “Ativos mais sensíveis a uma queda do dólar, como varejo, turismo e setores importadores, também podem ganhar impulso, desde que o cenário fiscal não se deteriore”, destaca.
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Fonte: Bora investir
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