O ministro do Estabelecimento Rural e Pecuária, Carlos Fávaro, declarou no dia de hoje (19) que os núcleos identificados de gripação aviária no estado do Sul Grande não terão impacto considerável no valor da carne de ave, apesar da paralisação das vendas para mais de uma dezena de nações.
“Confio muito mais em pequenas flutuações, pode haver um excesso de disponibilidade, [por] 10 e 15 dias, e então será redirecionado para outra região, retomando para algum país que flexibilizará sua metodologia. Assim, acredito muito mais na estabilidade”, expressou em coletiva de imprensa para renovar informações sobre o incidente.
Principal exportador de carne de ave global, o Brasil comercializou 5,2 milhões de toneladas do item, em variados modelos, para 151 nações, obtendo lucros de US$ 9,9 bilhões, conforme dados de 2024 registrados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Mais de 35,3% de toda a carne de galo produzida no Brasil é destinada ao mercado internacional.
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul abarcam 78% dessas exportações. Os destinos principais dos produtos da cadeia de aves brasileira são China, Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, África do Sul, Filipinas, União Europeia, México, Iraque e Coreia do Sul, com mais de 60% dos volumes enviados.
“A experiência obtida, no caso da [doença] Newscasttle, no ano passado, os valores não caíram tanto. Em segundo lugar, a restrição não será tão ampla, pois é possível que, durante os 28 dias, e temos confiança de que poderemos conter dentro do raio [do foco], do caso concreto, haverá uma retomada gradual à normalidade. E outro fator que trará estabilidade de preços, que imagino, é que 70% da produção já é consumida no mercado interno. Então, estamos falando de 30%, se fechasse para todos”, explanou Fávaro.
Anteriormente, em outra entrevista, Fávaro mencionou a necessidade de aguardar um período de 28 dias sem novas ocorrências confirmadas para que o país faça uma autodeclaração à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e consiga reverter as paralisações.
Não há prazo para que o organismo internacional responda à autodeclaração, quando feita, porém a esperança é que as nações removam as barreiras de forma gradual.
Até o momento, o país está investigando ainda sete casos. Pelo menos três deles já foram descartados, em atualizações previamente divulgadas pelo próprio Ministério do Estabelecimento Rural. Tratam-se de suspeitas no Mato Grosso, em Sergipe e no Ceará.
Permanecem em análise laboratorial suspeitas em Tocantins, em Santa Catarina e em outro em Rio Grande do Sul. Os dois únicos focos confirmados estão em uma granja comercial de Montenegro e em um zoológico de Sapucaia do Sul, ambos municípios gaúchos localizados na região metropolitana de Porto Alegre.
As informações estão no painel de observação de síndromes respiratórias e nervosas em aves, gerido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, e foram atualizadas às 19h desta segunda-feira.
Exportações impeditas
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) atualizou o número de mercados que suspenderam as exportações para o frango brasileiro de qualquer parte do território nacional. Sete deles notificaram diretamente o governo sobre a interrupção: México, Coreia do Sul, Chile, Canadá, Uruguai, Malásia e Argentina. Outras 10 nações tiveram, por meio de acordos sanitários bilaterais, a paralisação automática dos envios: China, União Europeia (27 países), África do Sul, Rússia, Republica Dominicana, Bolívia, Peru, Marrocos, Paquistão e Sri Lanka.
Para outros mercados, a suspensão das exportações, também por força de acordos bilaterais, deve abranger apenas o estado do Rio Grande do Sul ou o município de Montenegro. Entre eles estão: Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrein, Japão, Singapura, Reino Unido, Cuba, Filipinas, Jordânia, Hong Kong, Argélia, Timor Leste, Índia, Lesoto, Paraguai, Suriname, Vanatu e Vietnã.
Quanto aos Estados Unidos, o principal importador de ovos do Brasil, o comércio desse produto continua por todo o território nacional, porém as vendas de material genético foram temporariamente suspensas.
“A grande maioria dos protocolos dos países que temos prevê o raio [de restrição local]. E não há nenhum SIF [certificado] de produção comercial em um raio 10 quilômetros, então o impacto é nulo”, afirmou Marcel Moreira, secretário de Comércio e Relações Internacionais da pasta.
Sistema eficaz
Carlos Fávaro destacou que o Brasil dispõe de um dos mais excelentes sistemas de proteção agropecuária do mundo, e salientou que levou cerca de 19 anos para o vírus, que está circulando pelo mundo desde 2006, emergir em planteis comerciais do país. Desde maio de 2023, mais de 2 mil investigações de casos de gripação aviária foram conduzidas sistematicamente.
“Era inevitável que em algum momento aconteceria. O sistema é também robusto devido à transparência e ao poder do sistema nos bloqueios. Isso será mais uma comprovação da solidez do sistema brasileiro. Não é desejo, não é sonho, não é vontade, é entender como o sistema opera”, afirmou.
Segundo o secretário de Defesa Agropecuária da pasta, Carlos Goulart, o país está apto a reagir adequadamente ao foco.
“O Brasil é o único país do mundo que disponibiliza um painel, em tempo real, com duas atualizações diárias. Assim que o laboratório emite o diagnóstico, ele o publica no site. Esse é o nível de transparência que tivemos que adotar por sermos líderes globais na produção e exportação de aves e ovos. Foi uma forma de responder a essa descrença que algumas autoridades sanitárias tinham sobre nossa produção sem influenza”, destacou.
Das 538 propriedades rurais da região de Montenegro, mais de metade (310) já foi inspecionada, incluindo todas em um raio de três quilômetros do foco, além da instalação de barreiras de controle de circulação. Cerca de 17 mil aves foram mortas pela doença ou sacrificadas nas granjas.
O número de ovos eliminados foi de 70 mil. Um dos aviários já foi higienizado e desinfetado, e outro está em processo. A pasta está também rastreando todos os 30 milhões ovos férteis que saíram dessa propriedade em direção a outras regiões, nos últimos 28 dias a partir da detecção. Eles também estão em processo de eliminação.
Fonte: Agência Brasil
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