A autoridade policial da França deteve no mínimo 12 indivíduos suspeitos vinculados a dois recentes episódios de captura envolvendo moedas digitais em Paris.
O Setor de Combate ao Crime Organizado, divisão especial da polícia dedicada a furtos à mão armada e delitos graves, efetuou as detenções na localidade parisiense e em Loire-Atlantique, com diversos menores de idade entre os presos.
As imputações envolvem conspiração criminosa, privação de liberdade e tentativa de sequestro, com os investigadores alegando que líderes fictícios têm aliciado jovens por intermédio das redes sociais para perpetrar sequestros violentos.
O evento inicial ocorreu em 1º de maio, quando quatro indivíduos encapuzados levantaram com força o pai de um famoso jogador de pôquer e investidor em moedas digitais.
Os sequestradores capturaram a vítima durante a luz do dia, colando-a em uma camionete roubada com uma marcação fictícia da UPS, pedindo entre € 5 milhões e € 7 milhões (US$ 5,68 milhões a US$ 7,95 milhões) em moedas digitais para soltá-lo.
A polícia conseguiu encontrar e resgatar o homem detido no departamento de Essonne, na França, entretanto os sequestradores cortaram um de seus dedos antes do resgate.
As detenções realizadas ontem abrangeram seis indivíduos envolvidos nesse sequestro específico, incluindo pessoas nascidas na Argélia, Réunion, Chesnay e Levallois-Perret.
O segundo caso ocorreu em 13 de maio, quando três homens armados e encapuzados tentaram sequestrar uma mulher de 34 anos no 11º Arrondissement de Paris, porém foram impedidos por dois pedestres.
Posteriormente, foi divulgado que a mulher é filha de Pierre Noizat, cofundador e CEO da corretora francesa de moedas digitais Paymium.
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Sequestros relacionados a criptomoedas em ascensão
Esses ataques não representam os primeiros casos de sequestros envolvendo moedas digitais a ocorrerem na França nos últimos meses. Em janeiro, houve o sequestro violento do cofundador da Ledger, David Balland, e de sua esposa.
Balland também sofreu a amputação de um dedo durante o sequestro, no entanto as autoridades francesas conseguiram libertá-lo sem desembolso de resgate.
Diante da brutalidade e da frequência desses casos, o secretário do Interior, Bruno Retailleau, assegurou em 16 de maio reforçar a segurança dos executivos do ramo de moedas digitais na França, com novas medidas como uma linha direta de emergência e avaliações de segurança domiciliar.
De acordo com uma lista elaborada pelo cofundador da Casa, Jameson Lopp, a França registrou cinco ataques físicos ligados a moedas digitais em 2025 — o maior número entre todos os países. Os Estados Unidos ocupam a segunda posição, com três casos.
Como prevenir tentativas de sequestro por criptomoedas
Especialistas recomendam que uma das melhores maneiras de diminuir o risco de ser alvo de sequestros ligados a moedas digitais é evitar divulgar publicamente seus ativos.
“Isso significa não expor publicamente seus criptoativos, não exibir sinais de um estilo de vida que possa atrair atenção e não mencionar informalmente sobre sua estratégia de proteção própria”, afirmou Phil Ariss, diretor de Relações com o Setor Público do Reino Unido na empresa de segurança em blockchain TRM Labs.
Em entrevista ao Decrypt, Ariss também sugeriu o uso de carteiras com múltiplas assinaturas (multi-signature wallets) e retiradas com atraso temporal, o que dificulta tanto o roubo quanto a posse dos criptoativos pelos criminosos.
“Por meio de uma configuração de multisig, nenhum indivíduo sozinho consegue movimentar os recursos — são necessárias múltiplas autorizações”, disse ele. “De maneira similar, travas temporais ou adiamentos nas transações podem propiciar uma janela crítica para intervenção caso algo saia errado.”
Segundo Ariss, as carteiras com recuperação social representam outra alternativa valiosa para proteger os recursos, pois dependem de múltiplas pessoas de contato para validar transações e recuperar o acesso aos ativos.
“Por fim, a disseminação geográfica do acesso à carteira — dispersando as expressões-senha por diversos lugares seguros — adiciona uma camada de proteção que não pode ser burlada com violência em apenas um local”, acrescentou Ariss.
É evidente que o fato de as moedas digitais girarem em torno de agilidade e proteção própria as torna alvos atraentes para criminosos, visto que há menos obstáculos para transferências do que no sistema financeiro comum.
“O incremento nos ‘ataques de chave inglesa’ espelha não apenas oportunismo, mas uma transformação mais ampla na maneira como os grupos criminosos organizados estão operando”, explicou Ariss. “Eles estão mesclando capacidades cibernéticas com intimidação física, mirando indivíduos com alto patrimônio, executivos de exchanges e até mesmo investidores varejistas que possam parecer desguarnecidos.”
No entanto, em última instância, os furtos de criptoativos ainda dependem da conversão em moeda tradicional para serem lucrativos para os criminosos — e, para Ariss, esse é um ponto fraco.
“Em algum instante, os recursos ilícitos devem ser sacados ou convertidos em dinheiro comum”, disse ele. “Aí que exchanges, equipes de conformidade e autoridades policiais precisam atuar em coordenação e em tempo real.”
* Versão traduzida e editada com autorização do Decrypt.
Fonte: Portal do Bitcoin
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