“Verificamos uma regressão da pauta ESG, principalmente nos EUA, e um estancamento da União Europeia. Aqui no Brasil estamos em uma agenda distinta, observamos grandes progressos”, declarou Henri Rysman de Lockerente, líder e gerente da área de crédito privado e especialista em ESG do BNP Paribas.
A afirmação foi feita durante a Febraban Tech, em debate que abordou os “próximos rumos do Brasil no desenvolvimento de um mercado financeiro verde e digital”. Apesar do potencial brasileiro em relação a investimentos sustentáveis, Lockerente reconhece que o país ainda engatinha nesse aspecto.
“Os fundos de investimentos sustentáveis [do Brasil] ainda equivalem a menos de 1% do total de títulos. Estamos nos primeiros passos, porém os primeiros indícios demonstram que estamos na direção correta”, afirmou.
Nessa mesma linha, Maria Netto, executiva-chefe do ICS (Instituto Clima e Sociedade), que compartilhou o debate com Lockerente, acredita que as peculiaridades do Brasil o colocam como uma potência.
“O Brasil desponta como um dos protagonistas devido ao seu histórico no que se refere à regulamentação, com as intervenções do Banco Central e da CVM. O Brasil possui um ecossistema muito robusto, baseado em recursos naturais. Nossa matriz energética provém de fontes renováveis e, consequentemente, nossos produtos têm uma pegada ecológica favorável. Enquanto para alguns países a descarbonização pode representar um desafio, para nós é uma solução”, explanou.
Segundo Maria Netto, falta ao Brasil, entretanto, habilidade para “promover” de forma mais eficiente suas virtudes e se posicionar como um verdadeiro líder em ESG. “Há o reconhecimento de que o Brasil é um mercado mais refinado do que outros países emergentes; no entanto, ainda não conseguimos atingir escala e agilidade. A Índia é mais ágil, agressiva e conquista espaço nos mercados. É necessário ter uma visão estratégica e promover-se de maneira mais eficaz”, pontuou.
A executiva também mencionou que o avanço dos instrumentos financeiros deve andar lado a lado com a ação estatal. “Claro que para isso é preciso políticas públicas. Tivemos retrocessos no que tange ao desmatamento; necessitamos de regulamentações claras, precificação de carbono, que são os sinais de mercado que orientam o setor privado”, concluiu.
Para promover o Brasil como um território repleto de oportunidades para investimentos sustentáveis, Lockerente acredita que é crucial aproveitar ao máximo a participação em grandes eventos climáticos. “Devemos tirar proveito da COP30, por exemplo. Recentemente, tivemos a presença de Lula na Conferência dos Oceanos com anúncio da ampliação de áreas protegidas. Há potencial para investidores estrangeiros aplicarem seus recursos”, finalizou.
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Fonte: Bora investir
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