O Painel de Decisão sobre Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) fará divulgação quarta-feira, a partir das 18h30, do novo valor da taxa principal de juro. A previsão do mercado é de outro acréscimo, ainda que em proporção menor, o que posicionará a Selic no superior nível de juros desde 2006. Ou seja, a maior taxa no Brasil em 19 anos.
Neste mesmo dia, o Sistema de Reserva Federal (Fed), o banco central dos Estados Unidos, estipulará a taxa de juros na principal economia do país.
Conforme estimativas obtidas pelo boletim Focus do BC, a previsão do mercado é que o Copom aumentará a taxa de juros em 0,5 ponto nesta semana, para 14,75% ao ano. Esta provavelmente será a sexta alta consecutiva da Selic, e a primeira redução após três incrementos sucessivos de um ponto percentual.
A Selic está no momento em 14,25%, nível similar ao observado na crise econômica deflagrada no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que sofreu impeachment em agosto de 2016. Independentemente do acréscimo anunciado nesta quarta-feira, a taxa principal atingirá o maior nível desde agosto de 2006, quando o juro estava em 14,75%.
Além da magnitude do novo aumento, a atenção do mercado está voltada para os próximos passos do Banco Central. Segundo as expectativas do último boletim Focus, os especialistas esperam ainda outro incremento de 0,25 ponto em junho, a 15%. Para a Selic no fim do ano, a projeção é uma taxa de 14,75%. Para 2026 a previsão segue sendo que a taxa atingirá 12,50%.
“A previsão é que a nova política tarifária dos Estados Unidos provoque uma moderação global e a consequente redução da inflação, conduzindo o Copom a diminuir a taxa de juros brasileira no final do ano”. Nesse contexto mundial, o real também pode sair fortalecido”, afirma Fernando Honorato, coordenador do Grupo Macroeconômico da Anbima.
Diretores do Banco Central têm destacado a incerteza que envolve o cenário externo desde o anúncio de uma série de tarifas pelo presidente americano, Donald Trump. Diante da falta de clareza sobre o futuro, eles indicam que o Copom vai abandonar o chamado forward guidance (indicação de próximos passos) depois de maio, buscando maior flexibilidade para lidar com a situação.
“A persistência nos níveis inflacionários tem inquietado o Banco Central e para conter os níveis de consumo, utiliza os meios de política monetária, como o acréscimo da taxa de juros. Por outro lado, os juros elevados incentivam a poupança privada e retiram papel moeda de circulação, assim como investimentos e consumo, como uma contenção na economia”, afirma Luís Alberto de Paiva, economista e sócio-fundador da Corporate Consulting, que projeta uma elevação de 0,5 ponto percentual.
Conforme Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimento, a necessidade de aumento da Selic para controlar a inflação também evidencia o nível de endividamento do setor público e a complicação do governo em reduzir os gastos públicos. “O que mais preocupa na eminente subida da Selic a 14,75% não é a decisão em si, mas o contexto: um país com inflação resistente, setor público endividado e um mundo cada vez mais avesso ao risco. A política monetária está sendo forçada a compensar a negligência fiscal, o que é insustentável no médio prazo”, diz.
Para se informar mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3. Se já é investidor e deseja analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.
Fonte: Bora investir
📲 Receba nosso conteúdo Grátis!
Entre no canal e receba nossos conteúdos assim que forem publicados. Sem spam. Só conteúdo que importa para te manter informado.