A Altis descobriu no mercado de revendedores e concessionárias de automóveis uma oportunidade para iniciar sua plataforma de crédito incorporado como serviço (embedded lending). Fundada em 2024 por um trio de ex-executivos do Mercado Livre, Creditas e Kavak, a empresa de tecnologia financeira pretende expandir para novos setores, como motocicletas e equipamentos agrícolas, e está finalizando uma nova rodada de captação por meio de dívida.
Desde novembro de 2024, a empresa de tecnologia financeira conseguiu R$ 6 milhões – apenas em abril, alcançou R$ 2 milhões, conforme o fundador Luiz Eduardo Bettega, encarregado de Produtos e Tecnologia. A meta é aumentar esse montante em dez vezes até o final do ano. “Estamos preparando outra fase de endividamento para concessão de empréstimos”, declara ele, sem fornecer mais detalhes. Essa operação complementará os R$ 15 milhões já recebidos pela Altis, entre investimentos de capital e empréstimos. A empresa conta com fundos de Venture Capital como Latitud e MagmaPartners, além de investidores-anjo e family offices.
Segundo Luiz, uma das principais características distintivas da Altis é que ela não fornece apenas a tecnologia, mas opera soluções de crédito em colaboração ou parceira com outras empresas. “Nossa principal remuneração está no êxito da operação. Apenas vender o software não é suficiente para expandir”, afirma o empreendedor. A Altis também cobra uma taxa de serviço, a qual varia de acordo com o volume e o perfil da operação de crédito.
Verticalização
O mercado de revendedores e concessionárias de veículos é o principal alvo da Altis nessa fase inicial. A empresa de tecnologia financeira já possui três grupos do setor como clientes, totalizando mais de 80 lojas. “Atualmente, para financiar um carro, as lojas dependem de três ou quatro bancos parceiros, os quais obtêm uma margem considerável com essa prática. Nossa vantagem está em gerenciar todas as etapas do financiamento, permitindo às concessionárias obter uma receita adicional ao verticalizar essa operação”, explica Luiz.
Além de colaborar com seus clientes, a Altis auxilia na estruturação do capital necessário para operações de crédito, conectando os recursos das empresas com investidores institucionais. No entanto, a própria empresa de tecnologia financeira não participa diretamente do financiamento. “Imagine [a dificuldade de] uma concessionária de veículos ao tentar obter financiamento na Faria Lima. Somos responsáveis por estabelecer essa conexão e gerenciar os fundos dos clientes”, revela Eduardo Renda, co-fundador e responsável pelas Operações (Chief Operating Officer, COO).
Motos e ‘linha amarela’
A Altis tem planos de se expandir para novos segmentos, como o financiamento de motocicletas e equipamentos de “linha amarela” – tratores e outras máquinas utilizadas, por exemplo, no setor agrícola. “Concessionárias nos procuraram devido ao esgotamento da principal fonte de crédito do setor, com recursos subsidiados pelo governo”, diz Luiz. Em relação às motocicletas, ele destaca que é um mercado amplo e pouco explorado.
Os empreendedores explicam que a precificação do crédito para motocicletas é distinta. “O risco é maior e a revenda de motos é desafiadora, quase uma missão”, comenta Eduardo. Para uma análise de risco de crédito mais precisa, a Altis aposta na integração de dados de renda por meio do Open Finance, utilizando soluções de parceiros. “Os dados alternativos são cruciais na análise de segmentos como o de motocicletas, nos quais é mais difícil precificar o crédito”, destaca Luiz.
FGTS e consignado privado
A Altis está considerando outras modalidades que empresas clientes poderiam incluir em suas operações. Atualmente, as concessionárias já possibilitam antecipar o FGTS como entrada na compra de um veículo, ilustra Eduardo. “Estamos avaliando como disponibilizar o novo consignado privado em nosso portfólio”, diz Luiz.
Para estabelecer seu negócio, a Altis opera atualmente como correspondente bancário da financeira Socinal e da fintech BMP. Questionado sobre a possibilidade de obter uma licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD), Luiz menciona que não é uma prioridade a curto prazo devido aos custos elevados associados à criação e manutenção de uma instituição regulamentada. “Pensamos em nos tornar uma SCD no futuro, mas não é uma prioridade imediata”, conclui.
Trajetória
A Altis é uma recém-chegada no mercado, porém seus fundadores já têm experiência prévia. Luiz é co-fundador da Creditoo, uma fintech de crédito consignado adquirida pela Creditas em 2019, onde ele posteriormente atuou como vice-presidente de consignado. Eduardo, por sua vez, ocupou cargos de liderança em startups como Kavak e Gringo. Ao lado deles está Pedro De Paula, ex-diretor do Mercado Crédito no Mercado Livre e responsável pela criação de serviços financeiros na Kavak.
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