Conforme previsto, a insistência de Donald Trump para a redução dos juros nos Estados Unidos não teve êxito. O Fomc (Federal Open Market Committee) do Federal Reserve decidiu manter a taxa entre 4,25% e 4,50% ao ano. O impacto da guerra comercial promovida por Trump desde o início de abril foi o foco principal da decisão anunciada nesta quarta-feira (7).
O comunicado emitido pelo banco central dos EUA ressaltou o aumento da incerteza em relação às perspectivas econômicas. Ao mesmo tempo, foi destacado que a taxa de inflação no país permanece consideravelmente alta.
Powell versus Trump
A responsabilidade de transmitir as mensagens mais severas coube ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. O presidente do Fed mencionou que a intensificação das tarifas por Trump deteriorou a confiança das empresas e dos consumidores americanos. Segundo Powell, as tarifas, se mantidas no patamar atual, acarretam riscos de aumento da inflação, crescimento do desemprego e desaceleração econômica.
Foi esse cenário imprevisível que embasou a decisão de manter inalteradas, por ora, as taxas de juros nos Estados Unidos. Powell afirmou: “Nós não temos a necessidade de agir rapidamente. Estamos em uma posição um tanto restritiva, então consideramos apropriado aguardar para observar.”
O presidente do Fed então devolveu a responsabilidade para Trump em relação ao cenário que poderia possibilitar a redução das taxas de juros americanas. Ele mencionou que aguarda para avaliar os impactos econômicos das tarifas, sobretudo os desdobramentos das negociações da Casa Branca. “Os riscos ainda não se concretizaram, ainda não estão refletidos nos dados. À medida que as semanas e os meses passam, teremos mais informações. Portanto, a atitude correta é esperar por maior clareza.”
Impacto da decisão do Fed
Na opinião de Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, as incertezas e os riscos em ascensão reforçam a abordagem de esperar para ver adotada pelo Federal Reserve.
“A situação é desafiadora, pois a inflação causada pelas tarifas difere de um aumento de preços devido a excesso de demanda. A elevação das taxas desestimula o consumo e o acesso ao crédito, porém não auxilia na contenção dos aumentos nos preços causados pelas tarifas. Ao mesmo tempo, a redução das taxas para evitar um desaquecimento econômico pode intensificar a inflação pelo lado da demanda”, analisa.
“Agir com paciência, observar e acompanhar os eventos parecem ser a estratégia mais adequada no momento. Tudo indica que as taxas podem demorar mais para serem reduzidas do que o previsto. Contudo, o mercado financeiro ainda sinaliza cortes iniciando em julho, com previsões indicando reduções entre 0,75 a 1,00 ponto percentual até o final do ano”, acrescenta o economista.
Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, considera prudente a manutenção das taxas. O especialista também aponta a incerteza gerada pela escalada da guerra comercial liderada por Trump.
“As tarifas aumentam o risco de pressões inflacionárias à frente e dificultam prever o rumo da economia americana, o que dificulta a flexibilização monetária neste momento. Esse contexto de instabilidade tende a impactar o fluxo de capitais para os EUA”, avalia.
Segundo Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, o cenário apresentado no comunicado e na coletiva de Powell deve conduzir o Fed a adotar uma postura cautelosa nos próximos meses, monitorando a evolução dos indicadores econômicos antes de modificar a política monetária.
“Atualmente, não observamos uma recessão, mas sim uma desaceleração da economia americana. Por esse motivo, acreditamos que o Fed irá manter as taxas elevadas por um período prolongado, priorizando o retorno da inflação à meta. Diferentemente do consenso de mercado, não descartamos a possibilidade de manter as taxas no nível atual até o final do ano”, destaca.
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Fonte: Bora investir
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