A determinação da Comissão de Direção Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de aumentar a Taxa Selic (juros principais da economia) para o maior nível em 19 anos foi alvo de reprovações por parte do ramo produtivo. Organizações ligadas à manufatura, ao negócio e os sindicatos centrais condenaram a determinação, que descreveram como exagerada e ameaça ao emprego e à receita.
Numa comunicação, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) expressou que a alta de 0,5 ponto percentual da Selic “impõe uma carga ainda mais pesada sobre a economia”. De acordo com a entidade, a taxa de inflação está desacelerando, e a possibilidade de recessão nos Estados Unidos devido à política comercial da administração de Donald Trump deve resultar em uma desvalorização do dólar nos próximos meses.
“Apesar de o controle da inflação ser a finalidade primordial do Banco Central, o aumento da Selic apresenta riscos expressivos para a economia, que está em um processo de desaceleração mais pronunciado do que prevíamos no desfecho de 2024”, declarou no comunicado o presidente da CNI, Ricardo Alban. Ele solicitou uma postura mais cautelosa por parte do Copom.
De acordo com a Associação Paulista de Supermercados, a continuidade do ciclo de elevação da Selic é inadequada, especialmente diante do cenário global, com os Estados Unidos enfrentando uma recessão técnica, e dos desafios econômicos no Brasil.
“É relevante recordar que o mundo atravessa um ciclo neoprotecionista, no qual os países buscam fortalecer sua produção e seus mercados internos. Com a taxa Selic nos níveis atuais, o Brasil promove o rentismo e a especulação, em detrimento da criação de empregos, do investimento produtivo e do progresso econômico a médio e longo prazo”, salientou a associação em comunicado.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), no entanto, considerou dentro do previsto o aumento de meio ponto percentual na Taxa Selic. A entidade destacou que a inflação permanece elevada e consideravelmente acima do limite máximo da meta atual.
“Apesar da desaceleração gradual da atividade econômica interna e do aumento das incertezas externas, que tendem a reduzir a pressão sobre os preços, houve uma aceleração da inflação atual [em comparação com 2024], que se mantém acima da meta anual, em um contexto de expansão fiscal e expectativas inflacionárias ainda instáveis, justificando uma política monetária restritiva”, observou o economista-chefe da ACSP, Ulisses Ruiz de Gamboa.
Sindicatos Centrais
Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o incremento dos juros intensifica a compressão econômica sobre a população. A entidade ressaltou que o Banco Central não esclareceu se encerrou o ciclo de elevações da Taxa Selic e requisitou que a política monetária seja orientada para os interesses da população.
“O cidadão brasileiro já enfrenta uma taxa principal de juros proibitiva para o desenvolvimento econômico e que eleva o custo de vida, o endividamento das famílias e das empresas, e as despesas do governo federal. Gabriel Galípolo, o atual presidente do BC, e os demais membros do Copom não foram designados para preservar os interesses do mercado financeiro, mas sim os interesses da população”, criticou a vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira.
A Força Sindical rotulou de “irresponsabilidade social” a elevação da Taxa Selic. Segundo a entidade, a decisão paralisa a economia e eleva o custo do dinheiro para as famílias e as empresas.
“Antes desta determinação, a taxa já se encontrava em um patamar extorsivo, de 14,25% ao ano. É uma atitude irresponsável socialmente. A decisão pretende conduzir o País à recessão econômica. Manter a taxa de juros atual impõe um obstáculo significativo ao desenvolvimento do país”, afirmou em comunicado o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.
Fonte: Agência Brasil
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