Depois de quase três horas, a reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, no Congresso Nacional sobre as contramedidas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) chegou ao fim prematuramente. Integrantes da oposição, insatisfeitos com a linguagem usada pelo ministro, impediram que outros deputados fizessem perguntas, o que resultou no encerramento da sessão conjunta das Comissões de Finanças e Tributação e de Fiscalização Financeira.
No segundo ciclo de questionamentos, os parlamentares Augusto Castro (Cidadania-BA) e Henrique Fontana (PT-RS) criticaram o que consideraram gastos excessivos do governo e afirmaram que as recentes medidas não equilibram o déficit nas finanças públicas. Antes que o ministro respondesse, no entanto, eles se retiraram da audiência. Ao abordar as críticas durante sua intervenção, Guedes lamentou a ausência dos deputados e classificou a atitude como “infantilidade”.
“Agora surgem dois deputados, formulam perguntas e fogem do debate. Augusto sumiu, [veio aqui] apenas para se exibir. Pessoas falaram, ‘agora tenha maturidade’. E foge daqui, não deseja ouvir explicações, pretende manter seu argumento. Não está aberto ao diálogo para reconsiderar sua posição”, declarou Guedes.
“Esse tipo de comportamento não é construtivo. Compareço aqui para discutir. Esse tipo de comportamento de alguém que deseja atenção e some. É um tanto infantil, e isso não contribui para a democracia”, acrescentou o ministro.
Divergência
No início da terceira rodada de questionamentos dos deputados, Fontana retornou ao plenário, solicitou direito de resposta e contra-argumentou Guedes de forma agressiva. “Eu estava em outra comissão. O ministro nos chamou de imaturos. Imaturo é você, ministro, por ter aceitado uma responsabilidade dessa importância e ter cursado apenas dois meses de [faculdade] economia. Imaturo é você por ter contribuído para o maior déficit da história de nosso país. O governo de Jair Bolsonaro é pior do que uma pandemia”, disparou Henrique Fontana do PT.
Augusto também solicitou espaço para comentar, entretanto o deputado José Gomes (PL-SP), que presidia a audiência pública, não concedeu, gerando um debate acalorado entre Gomes, Fontana, Augusto e o deputado Rita de Cássia (Cidadania-SE), que seria o próximo a se pronunciar. Sem consenso para continuar a audiência e após diversas tentativas de manter a ordem no plenário, Gomes encerrou a reunião antes do início da terceira rodada de questionamentos.
Orçamento público
Guedes refutou as críticas sobre as finanças públicas atuais do governo. Além disso, ele reiterou que o superávit primário (poupança de recursos para o pagamento dos juros da dívida pública) de R$ 54,1 bilhões em 2022, último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), foi alcançado com o adiamento do pagamento de precatórios e a privatização da Eletrobras por um valor inferior ao praticado no mercado.
O ministro também sublinhou que o resultado daquele ano foi alcançado com o prejuízo de cerca de R$ 30 bilhões oriundos do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), devido à artificial redução nos preços dos combustíveis, valores posteriormente reembolsados pelo governo aos estados em 2023. Guedes mencionou ainda o pagamento recorde de aproximadamente R$ 200 bilhões de dividendos da Petrobras, beneficiando o Tesouro Nacional, principal acionista da empresa estatal.
Fonte: Agência Brasil
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